sábado, 23 de outubro de 2010

Solidão

Agora à noite senti algo que desde minha última separação eu não sentia. Pra ser bem sincera, acredito que desde o dia vinte de agosto não sei o que é essa sensação. Sinto-me só e vazia. A solidão me acompanha em todo o caminho. Olho pro lado, pego um livro, leio, acho que ela vai se tocar e ir embora, mas não. Ela está saudosa de mim e me pega em seus braços com toda à vontade. Andando na direção da minha casa, percebo que são poucas as pessoas na rua. Chove uma fina chuva, e poucos carros passam. A noite preta e gelada envolve minha alma e faz com que a solidão fique ainda mais forte.

Chego enfim a minha casa e ela está vazia. Olho tudo como se nada me pertencesse. Eu não me pertenço. Tiro as lentes de contato, ligo pra dizer que cheguei em casa. Ligo a TV, mas não está passando nada. Pauso num filme que já vi um milhão de vezes e me prostro frente ao notebook pra uma catarse básica.

Desde que me separei sofri uma enxurrada de sentimentos. Eram tantos e tão diversos que me sentia perdida. Desta vez, eu sentia-me feliz, mas ela chegou sem aviso e me pegou pela mão. A solidão invadiu meu peito como uma erva daninha. Mas não vou dar atenção. Não podemos nos entregar. Senão ela toma conta e traz amigas que não nos interessam.

“Solidão é lava que cobre tudo

Amargura em minha boca

Sorri seus dentes de chumbo

Solidão palavra cavalga no coração

Resignado e mudo no compasso da desilução

Desilução, desilução

Danço eu, dança você

Na dança da solidão

Amélia ficou viúva

Joana se apaixonou

Maria tentou a morte

Por causa do seu amor

Meu pai sempre me dizia

Meu filho tome cuidado

Quando eu penso no futuro

Não me esqueço do passado

Desilução, desilução

Danço eu, dança você

Na dança da solidão

Quando vem a madrugada

Meu pensamento vagueia

Corro os dedos na viola

Contemplando a lua cheia

Apesar de tudo existe

Uma fonte de água pura

Quem beber daquela água

Não terá mais amargura...”

(Dança da Solidão – Marisa Monte)

2 comentários:

  1. Branca, nossas vidas são compostas por "fases". Existem períodos de intensa alegria em que achamos que tudo funciona de forma perfeita. Em outros, sentimos como se estivéssemos a beira do abismo. Fique tranquila. A vida, sim, é boa quando temos alguem ao nosso lado que nos dê um simples abraço, mas pense: Vc pode ser feliz sem que haja alguem com vc. Acredito, como já lhe disse por várias vezes, que o acaso não existe. Coisas acontecem ou não por já termos um caminho descrito a cumprir. Calma. Essa sensação passa. Tudo passa. E, acredite, vc já tem todas as pessoas que realmente fazem diferença em sua vida ao seu lado.

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  2. Renato,
    Eu não estou triste. Pelo menos não o tempo todo. Escrever tem sido uma experiência muito boa pra mim. É minha forma de catarse. Estou bem. Juro.
    Ao curto de minha vida, percebi que tudo passa,e que cedo ou tarde tudo encontra seu devido lugar.
    Grata pela preocupação.
    Um abraço.

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