sábado, 29 de janeiro de 2011

RETORNO AO MUNDO MEU

Talvez vocês tenham estranhado minha longa ausência. Um pequeno contratempo impediu-me de escrever, meu punho direito reclamou, talvez de minha constante pressão sobre ele nos últimos meses. Ou quem sabe meu corpo já fragilizado pelo estresse do cotidiano tenha me dado um alerta pra parar um pouco. E lembrando um pouco do compositor e cantor Lenine, quando o corpo pede um pouco mais de calma, o mais sensato a se fazer é atendê-lo.

Eu estudo todos os sábados, e confesso que há dias em que eu gostaria de parar tudo e me prostrar diante do ócio. Todavia minha particular inquietude não me permite a prosclastinação de meus desejos e necessidades. E quando ambas caminham juntas, fica ainda mais difícil sucumbir a preguiça. É incrivel como sinto uma alegria absurda em estar num sábado de sol em uma sala repleta de pessoas com distintos interesses, reunidas no intuito de ter uma carreira pública.

Hoje eu levei meu primogênito pra aula. Fiquei preocupada por ele não levar nada pra se ocupar durante as sete horas de aulas massantes. Minha ingenuidade não me fez ver que seu brinquedo preferido era eu. Depois de folhear por horas uma de minhas revistas e material de estudo, ele pôs-se a brincar com meus cabelos e outras partes do meu corpo.
As aulas foram maravilhosas, sempre me sinto um pouco mais animada depois de ter uma boa aula no curso. Acho uma pena que a endorfina liberada nessas ocasiões não se perdure pelo resto da semana, de maneira a me fazer sentir vontade de estudar contabilidade geral e pública.

Como estamos no horário de verão, ainda tive a oportunidade de presenciar o belo entardecer, deliciando-me com as belas praias da Zona Sul do Rio de Janeiro. O céu multicolorido me fez pensar em como tendemos a nos ater as coisas ruins de nosso dia, menosprezando momentos, quase mágicos, que a natureza nos proporciona. Não há um amanhecer igual ao outro, assim como o entardecer.

Gosto particularmente do entardecer, embora minha miopia cause certa dor nos meus olhos com a meia luz crepuscular. Como escreveu brilhantemente Pitty, quando está escuro eu me sinto melhor. Não sei se pela certeza de que em breve estarei em casa, reclusa no meu sacrosanto lar, ou se por ter sobrevivido a mais um dia. Só sei que sinto um alivio absurdo quando o sol se põem. Eu também gosto do amanhecer. Em tempos de faculdade, era comum eu apreciar o amanhecer na Praia Vermelha, após longas horas de bate papo com meus amigos.

Mas não há momento melhor para mim que o crepusculo. É como se a ausência de luz natural fosse como um manto aconchegante nos dias de inverno. Como se a escuridão me abraçasse de modo terno e doce. Como se a vida se resumisse a ternura da noite. E nas noites de lua cheia, sinto como se aquele fosco reflexo do sol fosse uma maravilhosa forma de reenerginar minha alma cálida de novos sentidos.

Não é a toa que a lua foi considerada como simbolo dos amantes. A escuridão ao redor dela, passa um ar mítico, místico e misterioso que atrai a atenção do mais cético dos seres humanos. Várias músicas, poemas, histórias e contos são inspirados nessa princesa do céu noturno. Ela encanta a todos mesmo quando não está visivel. Influencia as mares e os partos, nos ajuda a marcar os dias quando não estamos dispostos a olhar o calendário.

O céu desperto aberto a cor
Despacha o cansaço e a vida segue
No alto do morro o sol entregue
Vai se despedindo da cidade
A lua desponta do outro lado
Vai crescendo no horizonte arcado
As luzes artificiais vão colorindo a cidade
E a escuridão prevalece no mar
Que belo encanto a noite traz
E a prenuncia do descanso satisfaz
A alma do nobre trabalhador
E a alegria do badalador nasce
Com a esperança de muitas alegrias.