segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleições 2010

Sempre quis saber como se fazia o processo eleitoral em nosso país. Até o nosso século, as coisas eram feitas manualmente, hoje está quase tudo informatizado. Este ano pude participar de quase todo o processo eleitoral. E ontem, dia da eleição, pude perceber e ver que não chegamos à democracia que me ensinaram na escola. Tive a oportunidade de acompanhar alguns pólos eleitorais, e vi que nós ainda temos o voto de cabresto.

Vi eleitores sendo abordados de forma agressiva por pessoas ligadas a candidatos. Pessoas semi analfabetas que não tem a menor noção do que é melhor para si, quem dirá para o país. Os piores eleitores são os analfabetos políticos que votam pela manutenção do estado, por puro comodismo ou àqueles que votam nos candidatos ditados por outra pessoa.

O direito ao voto foi conquistado através de muitas batalhas, mas nossa sociedade ainda não foi capaz de ensinar a importância do voto. Não é incomum alguém ser eleito sem sequer saber a atribuição de seu cargo. Os eleitores vendem-se, não apenas, às promessas de melhorias locais, mas em troca de uma cesta básica ou um remédio. Não são capazes de ver que para a sociedade essa compra de voto é maléfica.

A população de baixa renda tem sido vítima de ações eleitoreiras de alguns candidatos inescrupulosos. A violência tem marcado o discurso de muitos, mas a prática está longe do ideal. Pouco antes das eleições, vimos um bairro de classe média ser feito refém de bandidos, dos quais muitos ainda não foram presos.

Essa violência fez com que as pessoas se sentissem mais próximas, a violência atingiu todos os patamares da sociedade. O medo fez refém toda uma população que se sentiu obrigada a abraçar alguém que propôs melhorias na segurança pública.

Enquanto bilhões são gastos em teleféricos e postos de atendimento 24 h, crianças, jovens e adultos se arriscam para tentar estudar em escolas com péssimas condições estruturais. Algumas com vergalhões aparentes. Professores com baixos salários, com poucas condições de trabalho e alunos agressivos e prepotentes.

Pode parecer um pouco pessimista, mas não acredito em mudança sem educação. A violência vai continuar a crescer se não deixarmos de achar que o problema é do outro. Enquanto continuarmos a aceitar a sujeira dos corruptos e não pararmos de aceitar a propina, o remedinho, a cesta básica, o paliativo instantâneo. Precisamos ver as soluções a longo prazo, e a mudança é um processo lento e gradual. Não imediato.

Só haverá o fim da violência com educação. Quando os pais deixarem de responsabilizar a escola por ensinar boas maneiras, preocupando-se apenas com a educação secular e voltada para o trabalho. Quando as pessoas aprenderem que não vivemos sozinhos e que nossa vontade não é soberana.

“Neste país corrupção,

Pontapé bundão

Puro saco de mal cheiro

Do Acre ao Rio de Janeiro.

Neste país de manda-chuvas

Cheios de mãos e luvas

Tem sempre alguém se dando bem

De São Paulo a Belém

Pego meu violão de guerra

Pra responder essa sujeira

E como começo de caminho

Quero a unimultiplicidade

Onde cada homem é sozinho

A casa da humanidade

Não tenho nada na cabeça

A não ser o céu

Não tenho nada por sapato

A não ser o passo

Neste país de pouca renda

Senhoras costurando

Pela injustiça vão rezando

Da Bahia ao Espírito Santo

Brasília tem suas estradas

Mas eu navego em outras águas

E como começo de caminho

Quero a unimultiplicidade

Onde cada homem é sozinho

A casa da humanidade”.

(Ana Carolina)

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