quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Conversas Sobre o Amor

Um amigo me disse esta semana que não acredita nesse amor idealizado que as pessoas pregam. Para ele somos capazes de amar muitas vezes ao longo da vida. Completei dizendo que, não apenas somos capazes de amar inúmeras vezes, como também de inúmeras formas, mais a coisa mais difícil do mundo é amar inúmeras vezes e de diferentes maneiras uma única pessoa.

Assim como ele, não sou capaz de acreditar num amor idealizado. No que chamo de amor romântico. Ele nos encarcera, nos deixa sempre insatisfeito. Quando vemos uma linda história de amor, pensamos no porque de não termos uma história igual. Olhamos para o objeto de nosso desejo – o amor, e o vemos transparecer no primeiro ser que nos apresenta uma visão otimizada de amor.

As músicas cantam o amor puro, o amor intenso, o amor irreal. A saudade de um amor perdido, o sofrimento de um coração partido. E nos deixamos levar por essa onda de nostalgia e melancolia e pensamos como desejamos sentir tal emoção. Todavia deixamos de ver que, assim como a música e os filmes têm duração certa, assim também são os momentos de amor.

Vivemos várias histórias de um lindo amor durante a vida, mas nada é eterno, e se o fosse jamais perceberíamos esses momentos. Li certa vez que se nós vivemos na água, esta seria a última coisa que descobriríamos. Por muito tempo se acreditou que o oxigênio puro era bom, no entanto ao longo da história da medicina descobriu-se que, na verdade a pureza do oxigênio danifica as células cerebrais.

Daniel Schreder acreditava que era capaz de resolver todos os problemas ortopédicos com seus equipamentos. Mas no fim descobriu-se que a privação de movimentos, mesmo que esses sejam posturas incorretas, são necessários para o bom desenvolvimento dos ossos.

Esses são simplórios exemplos, trazidos de uma forma leiga e pouco detalhada, mas como pessoas ligadas a razão erram, também nó podemos errar. E esses exemplos são metáforas que servem pra nos mostrar que vivenciamos momentos de puro amor ao longo de nossas vidas, eles só não têm como ser eternos, mas existem. A perfeição apesar de ser uma meta de todos, não existe. Nada é perfeito. Nada é eterno. Nunca é nunca. O equilíbrio não existe. O caos não impera sozinho. Somos seres dicotômicos.

O que esquecemos muitas vezes é que o amor depende de duas pessoas, e que uma delas pode não estar querendo o mesmo que a outra. Quando digo que nada é perfeito e que equilíbrio não existe, estou longe de dizer que devemos beijar o sapo durante toda a vida e esquecer o fato de que ele nunca será um príncipe. Apenas que não devemos deixar de viver momentos bons e gostosos por conta de uma busca impossível.

Talvez pense que eu sou racional demais e talvez estejam certos. Mas entregar-se a tudo com força e sem medo é algo difícil de fazer quando não usamos a razão. Em nossas vidas devemos sempre pesar os benefícios e malefícios de nossos atos. Caso contrário viveremos sob o signo do medo, nos aprisionando em algemas fechadas por nós mesmos, engolindo suas chaves e nos impedindo de valer todas as cores da vida.

Amar quem nos ama é muito difícil. Algumas pessoas conseguem encontrar sua “alma gêmea” enquanto outras parecem ser destinadas à eterna insatisfação no amor. Adorei o filme “Vick, Cristina e Barcelona”, mas acredito que existam muitos outros tipos de pessoas além da eterna sonhadora e da eterna insatisfeita, embora esse sejam os papeis mais comum de acharmos.

Os cientistas, os jornalista e os aproveitadores sempre publicam algo sobre como podemos ser felizes, amados, ricos. Sempre com suas fórmulas mágicas, suas receitas de bolo. Mas acredito que os seres humanos são diversos demais, complexos demais e que nunca seremos capazes de encontrar um receita prêt-à-porter para a felicidade. Soluções mágicas não existem. Mas sempre temos bons momentos para recordar, boas histórias pra contar e pessoas ao redor pra amar.

Vamos olhar para o sol, seu nascer e seu poente, admirar as estrelas, olhar pras crianças na rua. Já perceberam como as crianças são capazes de viver o momento como se nada mais existisse. Talvez devamos olhar mais as crianças e aprender com elas o segredo da felicidade. Vi um documentário na Record onde uma menina muito pobre ficava feliz apenas de receber um biscoito recheado, coisa que não via com freqüência. Ela não estava preocupada se teria a oportunidade de comer novamente em outro momento aquele biscoito, ela só estava feliz de comê-lo naquele momento e compartilhá-lo com seus irmãos.

A alegria não é eterna, mas se nos permitirmos ela pode ser constante.

TEMPOS FUGIT

O sol, a praia a companhia perfeita

O mar batendo na rocha eterna

As cores, os sons, os amores

Poesia, poema, tema

Eu e você, nós dois

Perdido no espaço

Perdidos no laço

Perdidos no tempo

Perdidos de nós mesmos.

A rua, o céu como testemunha

De um lindo dia de sol

De um momento perfeito

Sublime tentativa de um eleito

Conversas sinceras

Conversas verdadeiras

Um sussurro, um silêncio oculto

O mudo encanto da Terra.

Os olhos perfeitos

Olhares suspeitos

A boca saudosa

O corpo refeito

A natureza vaidosa

Olhava rancorosa

Por tanta admiração

Olhos nos olhos

Boca na boca

Sonho perfeito

De um dia fugido

Um dia partido

Entre a alegria

E a culpa.

A culpa nos puxa

Nos impede de ser

Plenamente felizes

Momento único

Momento sublime

Momento de felicidade

Momento eterno

Momento etéreo

Nosso momento.

(Edilene Almeida – novembro 2010)

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