sexta-feira, 14 de outubro de 2011

HÁ MUITO TEMPO ATRÁS

Em julho, o Quatro Estações completou seu primeiro aniversário. no entanto não tive como postar nada. Só pra variar minha vida deu outro giro de 180º, e não tive como escrever. Abandonei meu trabalho para dedicar-me ao sacerdócio da educação. Como em toda mudança, convivi com os prós e os contras, e a cada dia era questionada sobre minha escolha. O volume de trabalho aumentou muito e deixei de ter os finais de semana apenas para o lazer e descanso.
Como falei, tudo na vida tem seus prós e contras. A mudança me trouxe grande felicidade, apesar da dura rotina que tenho agora; além do mais, surgiram outras possibilidades na minha vida. Mas creio que meus leitores não se interessam por meus passos, mas por meus olhares. Então vamos lá...
Numa das minhas viagens para a escola em que trabalho a tarde, dentro do ônibus, parada num sinal de transito, percebi que as pessoas transmitem várias histórias com seu andar. Sou míope e sempre reparo nos detalhes que desprezamos normalmente, porque sem meus óculos preciso de uma referência para me guiar. Na época da faculdade uma das disciplinas era Psicologia Social, com ela aprendi que todos temos uma história pra contar, e que pode ser contada além das palavras ditas. Reparei que os centros das grandes cidades contam histórias para além de sua arquitetura. Há aqueles que andam apressados porque estão atrasados para um compromisso, aqueles que andam apressados por hábito, aqueles que andam devagar observando cada detalhe com atenção, aqueles que andam desconfiados, sempre tensos e muitos outros mais. Reconhecemos um gringo por suas roupas ou por sua estranha palidez, um tanto quanto incomum numa cidade tropical como o Rio de Janeiro. Não que não tenhamos nossos albinos, mas eles tem um jeito peculiar, um jeito... não carioca de ser. Algumas pessoas transparecem de forma mais intensa sua história, enquanto que outras criam um casco tão duro que é mais complicado lê-las.
De qualquer forma, quando andarem pelo centro de alguma grande cidade, façam o exercício de olhar um instante para ler as histórias que cada um é capaz de contar através de seu andar, de seu falar, de seus gestos, entre outras coisas. Imagine quantas vezes essa pessoa pode ter passado ou ainda passará por você sem quer vocês sequer se conheçam. Tente transpor o tempo, o lugar e as convenções, tente imaginar como seria a sua vida se você fosse essa pessoa. Neste momento você será capaz de dizer muito mais sobre a cidade do que apenas lendo os guias turísticos. As cidades não são compostas somente de lugares de trabalho, lugares de lazer, pontos turísticos... as cidades são feitas, principalmente, de pessoas. Pessoas como eu e você. Pessoas comuns, pessoas que tornam as coisas melhores para todos ou apenas para alguns.


Seu Olhar

Seu Jorge

Temos rotas a seguir
Podemos ir daqui pro mundo
Mas quero ficar porque
Quero mergulhar mais fundo

Só de me encontrar no seu olhar
Já muda tudo
Posso respirar você
E posso te enxergar no escuro

Tem muito tempo na estrada
Muito tem
E como quem não quer nada
Você vem
Depois da onda pesada
A onda zen
É namorar na almofada
E dormir bem

Foi o seu olhar
O que me encantou
Quero um pouco mais
Desse seu amor...

Um comentário:

  1. Nos acostumamos tanto a ver as pessoas como parte da paisagem q esquecemos q cada um carrega uma história e várias estórias;) Ótimo texto:)

    ResponderExcluir