Dois filhotes machos brincando. |
Existem momentos na vida em que não
podemos nos calar. Tenho visto uma guerra acontecendo no Facebook e fora dele
tbm. É uma guerra de homossexuais e evangélicos. Li no FB uma crítica muito
interessante: Se evangélicos criticam a homossexualidade são preconceituosos, mas
se for o Papa está tudo bem.
Quero deixar claro que sou evangélica
e heterossexual, mas não concordo com algumas atitudes de ambos os lados. Tenho
vários amigos diferentes: candomblecistas, homossexuais, bissexuais, espíritas,
católicos, ateus, agnósticos, e por aí vai. Todos eles acham engraçado eu trata-los
bem e não recrimina-los por suas escolhas.
Primeiro ponto: apesar de ser
evangélica, acredito que a religião seja um modo de nos reunirmos com o mesmo
propósito de adorar a Deus. Segundo ponto: eu não sigo uma religião, sigo os
ensinamentos de Deus e ele diz que devemos nos reunir a outros irmãos pra
adorá-lo, aprender sobre seus ensinamentos e ensiná-los aos que não conhecem
(Mateus 28. 19-20, Marcos 16.15, Lucas 9. 56 e Lucas 24.47) e não pra perseguir
aqueles que não seguem seus mandamentos. Terceiro ponto: Jesus diz que podemos
resumir os 10 mandamentos em apenas dois – Adorar ao teu Deus acima de todas as
coisas e amar ao teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22. 34-40, Marcos 12.
28-34 e Lucas 10. 25-28).
Bom, acho que está aí a raiz de todos
os problemas que temos visto de briguinhas infantis entre religiões e os
homossexuais. Acontece que cada vez menos temos nos amado. Num mundo dominado
pela tecnologia, temos cada vez mais nos “maquinizado”. O mercado diz que temos
que ser tão ou mais eficientes que as máquinas e isso significa que precisamos
ser cada vez mais produtivos. Desta forma, precisamos estar sempre saudáveis e
disponíveis, a palavra não posso tem que ser abolida e substituída por pode
deixar que eu posso dar conta de tudo.
As pessoas não tem se amado, tem se maquinizado
de uma forma cruel. Vivemos sob um constante estado de culpa, pois não somos
máquinas, somos seres humanos, passíveis de falhas e de ficar doentes. Mas há
um sentimento de culpa absurdo. Se não batemos ou ultrapassamos as metas
impostas, não somos bons o suficiente. Se ficamos doentes por trabalhar
excessivamente, somos fracos. Se não abrirmos mão do nosso prazer pra cumprir
nossas obrigações com o trabalho, somos ineficientes. E por aí vai. Cada vez
mais o descanso e o prazer tem sido relegados a último plano para darmos conta
de uma sociedade cada vez mais massacrante e acabamos por reproduzir isso nas
relações com o outro.
Quantas vezes nosso corpo nos pede um pouco
mais de calma, e para dar conta de todas as nossas tarefas nos recusamos a
ouvi-lo e adoecemos? É hora de quebrar com esse julgo. Na verdade passou da
hora de rompermos nossos grilhões e aprendermos a nos amar de verdade.
Aprendemos a julgar o outro por aquilo
que nosso grupo supõe como certo, sem nos darmos conta que nossa verdade não
pode ser imposta ao outro. Ou ele acredita, ou não acredita. Assim, nos
esquecemos cada vez mais dos ensinamentos de Jesus, que é não olhar para o
pecado do outro, mas olharmos com amor para nosso irmão (I João 4. 7-8, Mateus
5. 43 a 48 e Lucas 6. 32-36). Lembro de algumas passagens bíblicas que mostram
esse ensinamento. Uma delas é quando uma mulher pega em adultério (João 8.
1-11) é levada para que Jesus diga se a lei de apedrejá-la deveria ser
cumprida. Jesus simplesmente se abaixa e começa a escrever na areia, no que os
acusadores da mulher começam a sair um por um.
A Bíblia não nos diz o que Jesus
escreveu, mas acredito que ele tenha começado a listar uma série de pecados
cometidos por aqueles acusadores. Quantas vezes no afã de parecermos corretos
não estamos julgando o outro? Quantas vezes nós também não erramos?
Após todos se retirarem, só ficou
Jesus e a mulher adultera. Ele perguntou a ela onde estavam os seus acusadores
e disse-lhe que fosse embora e que não pecasse mais. Se aquela mulher voltaria
a adulterar ou cometer qualquer outro pecado, a responsabilidade era dela e não
de Jesus. Ele fez a parte dele, amou-a como amava a sim mesmo, cumprindo o
mandamento de Deus.
Acho que precisamos aprender a nos
amar, para amarmos o outro. Precisamos nos ver livres da culpa que nos
encarcera e nos faz viver a partir de rótulos. Precisamos aprender a olhar o
outro sem julgar. Ao julgarmos, deveríamos nos julgar e verificar se também não
estamos errando de algum modo (Mateus 7. 1-5, Lucas 6. 37-38 e 41-42). Se o
nosso amor não for capaz de ajudar o outro a mudar, devemos entregar a vida do
nosso próximo a Deus em oração e não através de perseguição (Mateus 18. 15-22).
Os cristãos devem lembrar que durante
muito tempo e até hoje são vítimas de perseguição. Não sejamos o oprimido que
virou opressor, mas sejamos maiores que isso (Paulo Freire, Pedagogia do
Oprimido). O apóstolo Paulo em sua carta aos éfesios diz que nossa luta não é
contra a carne e o sangue, ou seja, não é contra o nosso próximo, mas contra as
potestades e satanás. Logo, peço que os cristãos aprendam a não julgar e
condenar, isso é tarefa de Deus e não nossa. Que possamos amar e respeitar,
assim como Deus nos amou, para que através do amor e não da guerra possamos
cumprir o mandamento de Jesus que diz: “Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura”. Vamos pregar o evangelho do amor que nos foi
pregado.
Desculpem-me por ser tão prolixa, mas
precisava expor meus pensamentos. Espero que meus leitores consigam entender
meu ponto de vista. Falo especialmente para os cristãos por ser uma, mas espero
que os outros possam aproveitar um pouco da minha mensagem.
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