sábado, 3 de agosto de 2013

Cristãos X Homossexuais (opinião)

Dois filhotes machos brincando.
Existem momentos na vida em que não podemos nos calar. Tenho visto uma guerra acontecendo no Facebook e fora dele tbm. É uma guerra de homossexuais e evangélicos. Li no FB uma crítica muito interessante: Se evangélicos criticam a homossexualidade são preconceituosos, mas se for o Papa está tudo bem.
Quero deixar claro que sou evangélica e heterossexual, mas não concordo com algumas atitudes de ambos os lados. Tenho vários amigos diferentes: candomblecistas, homossexuais, bissexuais, espíritas, católicos, ateus, agnósticos, e por aí vai. Todos eles acham engraçado eu trata-los bem e não recrimina-los por suas escolhas.
Primeiro ponto: apesar de ser evangélica, acredito que a religião seja um modo de nos reunirmos com o mesmo propósito de adorar a Deus. Segundo ponto: eu não sigo uma religião, sigo os ensinamentos de Deus e ele diz que devemos nos reunir a outros irmãos pra adorá-lo, aprender sobre seus ensinamentos e ensiná-los aos que não conhecem (Mateus 28. 19-20, Marcos 16.15, Lucas 9. 56 e Lucas 24.47) e não pra perseguir aqueles que não seguem seus mandamentos. Terceiro ponto: Jesus diz que podemos resumir os 10 mandamentos em apenas dois – Adorar ao teu Deus acima de todas as coisas e amar ao teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22. 34-40, Marcos 12. 28-34 e Lucas 10. 25-28).
Bom, acho que está aí a raiz de todos os problemas que temos visto de briguinhas infantis entre religiões e os homossexuais. Acontece que cada vez menos temos nos amado. Num mundo dominado pela tecnologia, temos cada vez mais nos “maquinizado”. O mercado diz que temos que ser tão ou mais eficientes que as máquinas e isso significa que precisamos ser cada vez mais produtivos. Desta forma, precisamos estar sempre saudáveis e disponíveis, a palavra não posso tem que ser abolida e substituída por pode deixar que eu posso dar conta de tudo.
As pessoas não tem se amado, tem se maquinizado de uma forma cruel. Vivemos sob um constante estado de culpa, pois não somos máquinas, somos seres humanos, passíveis de falhas e de ficar doentes. Mas há um sentimento de culpa absurdo. Se não batemos ou ultrapassamos as metas impostas, não somos bons o suficiente. Se ficamos doentes por trabalhar excessivamente, somos fracos. Se não abrirmos mão do nosso prazer pra cumprir nossas obrigações com o trabalho, somos ineficientes. E por aí vai. Cada vez mais o descanso e o prazer tem sido relegados a último plano para darmos conta de uma sociedade cada vez mais massacrante e acabamos por reproduzir isso nas relações com o outro.
Quantas vezes nosso corpo nos pede um pouco mais de calma, e para dar conta de todas as nossas tarefas nos recusamos a ouvi-lo e adoecemos? É hora de quebrar com esse julgo. Na verdade passou da hora de rompermos nossos grilhões e aprendermos a nos amar de verdade.
Aprendemos a julgar o outro por aquilo que nosso grupo supõe como certo, sem nos darmos conta que nossa verdade não pode ser imposta ao outro. Ou ele acredita, ou não acredita. Assim, nos esquecemos cada vez mais dos ensinamentos de Jesus, que é não olhar para o pecado do outro, mas olharmos com amor para nosso irmão (I João 4. 7-8, Mateus 5. 43 a 48 e Lucas 6. 32-36). Lembro de algumas passagens bíblicas que mostram esse ensinamento. Uma delas é quando uma mulher pega em adultério (João 8. 1-11) é levada para que Jesus diga se a lei de apedrejá-la deveria ser cumprida. Jesus simplesmente se abaixa e começa a escrever na areia, no que os acusadores da mulher começam a sair um por um.
A Bíblia não nos diz o que Jesus escreveu, mas acredito que ele tenha começado a listar uma série de pecados cometidos por aqueles acusadores. Quantas vezes no afã de parecermos corretos não estamos julgando o outro? Quantas vezes nós também não erramos?
Após todos se retirarem, só ficou Jesus e a mulher adultera. Ele perguntou a ela onde estavam os seus acusadores e disse-lhe que fosse embora e que não pecasse mais. Se aquela mulher voltaria a adulterar ou cometer qualquer outro pecado, a responsabilidade era dela e não de Jesus. Ele fez a parte dele, amou-a como amava a sim mesmo, cumprindo o mandamento de Deus.
Acho que precisamos aprender a nos amar, para amarmos o outro. Precisamos nos ver livres da culpa que nos encarcera e nos faz viver a partir de rótulos. Precisamos aprender a olhar o outro sem julgar. Ao julgarmos, deveríamos nos julgar e verificar se também não estamos errando de algum modo (Mateus 7. 1-5, Lucas 6. 37-38 e 41-42). Se o nosso amor não for capaz de ajudar o outro a mudar, devemos entregar a vida do nosso próximo a Deus em oração e não através de perseguição (Mateus 18. 15-22).
Os cristãos devem lembrar que durante muito tempo e até hoje são vítimas de perseguição. Não sejamos o oprimido que virou opressor, mas sejamos maiores que isso (Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido). O apóstolo Paulo em sua carta aos éfesios diz que nossa luta não é contra a carne e o sangue, ou seja, não é contra o nosso próximo, mas contra as potestades e satanás. Logo, peço que os cristãos aprendam a não julgar e condenar, isso é tarefa de Deus e não nossa. Que possamos amar e respeitar, assim como Deus nos amou, para que através do amor e não da guerra possamos cumprir o mandamento de Jesus que diz: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Vamos pregar o evangelho do amor que nos foi pregado.

Desculpem-me por ser tão prolixa, mas precisava expor meus pensamentos. Espero que meus leitores consigam entender meu ponto de vista. Falo especialmente para os cristãos por ser uma, mas espero que os outros possam aproveitar um pouco da minha mensagem.

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