quarta-feira, 16 de junho de 2010

Razões sem razão de ser

Perguntar-me-iam o motivo do nome deste blog ser Quatro Estações. Pois bem, quando pensei em escrever, lembrei-me que o desejava ha séculos. Sim, porque o tempo sentido nem sempre tem relação com o tempo registrado. As quatro estações nada mais são do que ciclos pelos quais nosso planeta passa. Em minha errante vida, assim como, na de qualquer ser humano, passamos também por ciclos.

No enigma da esfinge temos contato com alguns desses ciclos pelos quais passamos – nascimento, infância, adolescência, juventude, velhice e morte - estes são certos passarmos, enquanto outros são incertos. As quatro estações são nomeadas como verão, outono, inverno e primavera, e marcadas por peculiaridades relativas a fenômenos relacionados com o movimento da terra. Nossos ciclos são marcados pelo passar do anos e com eles nosso desenvolvimento natural anteriormente descrito no enigma supra citado.

Apesar dos ciclos serem relativamente constantes, também são singulares. Embora passemos pelos mesmos ciclos, cada indivíduo vai se relacionar com eles de forma distinta. E cada ciclo será carregado de grandes mudanças. A mudança nos torna seres inconstantes e nossa atração por elas é como a atração de nosso planeta pelo sol. Sócrates declarou que um homem jamais é capaz de banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois da segunda vez que se banhar, nem o homem, nem o rio serão os mesmos.

Da mesma forma que somos atraídos pela mudança, por ela também sentimos um certo receio e, em dados momentos desejamos afastá-la, tal como a relação entre nosso planeta e o sol. Se não fosse essa constante guerra de forças opostas, talvez não fossemos os seres que somos. Não existe harmonia sem o caos. Não recordo bem qual foi o teórico que disse que o ser humano não pode ser colocado em formas, porque cada vez que tentamos enquadrar dados comportamentos e antecipar suas reações, somos surpreendidos por sua capacidade de mutação. Somos seres mutantes, e quando deixamos de ser morremos.

Se a mudança é algo natural por que a tememos?

Foi esta indagação que fez com que escolhesse esse nome. Os ciclos são certos e seus desdobramentos desconhecidos, assim como o desenrolar de nossas vidas. A única certeza da qual ninguém escapa é a de que em algum momento deixaremos de existir. Os pensamentos são como delírios e sonhos que, se não escritos, se perdem com os ventos.

Quantos sonhos sonhamos? E de quantos sonhos nos lembramos?

Sinceramente acredito que jamais terei respostas para todas as perguntas que sou capaz de fazer. Essa constatação não me tira o desejo de buscar respostas, tampouco me tira o sono. Todavia tal constatação tira-me o peso de não saber, aquele peso que sentimos quando não somos capazes de visualizar o que tem atrás da porta cuja chave se perdeu e cujo medo nos impede de arrombar.

Os norte-americanos gostam de dizer que a ignorância é uma benção. Ainda não tenho opinião formada sobre o assunto, e enquanto isso vou vivendo minha vida, observando as estações e tirando o melhor proveito delas.

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”
(Raul Seixas)

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