Há momentos em que a tranquilidade parece ser a maior
necessidade de nossas vidas. Mas como ser tranquilo num mundo onde a pressa
pede pressa, onde as pessoas andam de forma rápida e sem olhar para o lado.
Como ser tranquilo, num mundo onde as cores do verão não são apreciadas pela
maioria das pessoas apressadas que mal olham para o céu. A vida para elas é tão
corrida que não podem contemplar a beleza do dia ou mesmo a preciosidade de uma
chuva no final de um dia de sol.
Muitas
vezes não é a questão da pressa, mas o cansaço de um dia de correria e luta,
que não permite que olhemos as pequenas grandes coisas da vida. O mau humor no
trânsito nos impede de ouvir uma criança dizendo com sua voz doce e alegre à
avó que a ama. Ou quem sabe compreender que a tranquilidade diante do
inevitável não é abster-se de lutar, mas permitir que as coisas tomem seu rumo
natural. Devemos lutar até o fim pelo que acreditamos, mas quando essa luta no
decorrer do tempo perde seu significado original e nos esquecemos de nosso
propósito, ela deixa de ser nobre e passa a ser em vão.
Acreditar
é algo que deve preceder qualquer luta, mas isso não significa que não podemos
mudar de opinião. Somos pessoas, seres imperfeitos buscando uma perfeição quase
utópica. Devemos entender nossas limitações, sem deixar de buscar melhorar
nossas fraquezas e falhas, mas sem transgredir nossos sentimentos. A vida é uma
sucessão de cenas maravilhosas e há momentos em que devemos nos permitir olhar
intimamente para elas, apreciá-las e saboreá-las como a um prato saboroso, que
comemos devagarzinho para atrasar o fim, apreciando cada pedaço como se fosse o
último.
Seria
bom, se ao menos uma vez nessa semana corrida que temos, todos pudéssemos parar
um pouco e olhar algo novo que não tínhamos visto por causa da pressa ou do
cansaço. Mesmo que esse novo seja apenas a janela que sempre existiu no hall do
consultório médico e que você nunca reparou que existia.
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